sábado, 26 de março de 2011

De Banksy a Sartre: O sonho da liberdade







1. QUEM É BANKSY

Banksy, nascido em Bristol em 1975, iniciou seus trabalhos em estêncil (forma de desenho ou ilustração que representa ilustrações figurativas e abstratas em superfícies de cimento) aos 14 anos, foi expulso da escola e preso por pequenos delitos. Sua identidade ainda é incerta, seu nome de guerra é Banksy, não costuma dar entrevistas e fez da contravenção uma constante em seu trabalho, sempre provocativo. Ele é hoje o grafiteiro mais famoso da Europa e talvez do mundo. Seus pais não sabem da fama que o filho tem: "Eles pensam que sou um decorador e pintor".
Recentemente, Banksy, trocou 500 CDs da cantora Paris Hilton por cópias adulteradas em lojas de Londres, e colocou no parque de diversões Disney uma estátua-réplica de um prisioneiro de Guantánamo.
Suas obras são carregadas de conteúdo social expondo claramente uma total aversão aos conceitos de autoridade e poder. Em telas e murais faz suas críticas, normalmente sociais, mas também comportamentais e políticas, de forma agressiva e sarcástica, provocando em seus observadores, quase sempre, uma sensação de concordância e de identidade. Apesar de não fazer caricaturas ou obras humorísticas, não raro, a primeira reação de um observador frente a uma de suas obras será o riso. Espontâneo, involuntário e sincero, assim como suas obras.

Provocador e criminoso, agora, esse incrível artista também vai se tornar conhecido do público do resto da Europa com o documentário Exit Through The Gift Shop, o qual, segundo disse o próprio Banksy é “o primeiro filme-catástrofe de arte de rua”. No filme, toda a rotina de Banksy é acompanhada e retratada.

2. O TRABALHO DE BANKSY NO MURO DA CISJORDÂNIA

Banksy, em forma de protesto realizou vários trabalhos artísticos no muro da Cisjordânia, muralha que separa Israel da Cisjordânia e que começou a ser construída em 2002, durante o governo do primeiro ministro israelense, Ariel Sharon, para evitar a infiltração de terroristas suicidas palestinos em Israel. A iniciativa suscitou críticas da comunidade internacional, que considera o muro como um símbolo de segregação.

O Muro consiste numa rede de vedações com trincheiras rodeadas por uma área de exclusão média de 60 metros e por paredes de concreto de até 8 metros de altura. Em certos lugares, como na região da cidade palestina de Qalqiliya, o muro chegaria à altura de oito metros. Em alguns pontos, a construção tem 45 metros de largura; em outros, pode chegar a 75 ou 100 metros. A muralha deve conter também dispositivos eletrônicos capazes de detectar infiltrações, fossas antitanque e pontos de observação e patrulha.

A construção também divide no meio o pátio do liceu de Anata em Jerusalém, isolando as quadras de futebol e de vôlei da escola e deixando para os 800 alunos um espaço estreito e limitado para o recreio e as atividades esportivas. Além disso, os alunos se sentem ameaçados e aprisionados, sem nenhuma vontade de sorrir ou conversar e sem contar com o barulho das escavadoras e das bombas de lacrimogêneo que os soldados lançam a todo o momento.

Banksy a partir da observação do desespero e da angústia daquele povo, maltratados e desvalorizados, sem nenhuma perspectiva de vida e sendo a todo instante aterrorizados pelos conflitos que cercam aquela região, ele resolve retratar no “muro da vergonha” de maneira altamente irônica a total falta de liberdade e repressão de qualquer tipo de ação.

3. O CONCEITO DE LIBERDADE EM SARTRE
Jean-Paul Sartre natural de Paris (21 de junho de 1905 — 15 de Abril de 1980). Foi um filósofo francês, escritor e crítico, conhecido como o representante do existencialismo. Sempre acreditou que os intelectuais da época têm que desempenhar um papel na sociedade. Ele apoiou causas políticas e sociais, adaptando sempre suas ações às suas idéias.

A questão da liberdade em Sartre é também o que diferencia o homem dos outros animais, pois que somente o homem é livre. Para ele o homem livre é responsável pelas suas ações, pois ele parte de uma consciência auto-reflexiva e é capaz de pensar em si mesmo, daí ele é um “ser-para-si”.

A partir da liberdade, o homem torna-se responsável por tudo aquilo que escolhe e faz. Portanto ela só possui um verdadeiro significado na ação, quando o homem é capaz de modificar a realidade.

Este conceito, segundo Gerd Bornheim, não têm uma demarcação ou mesmo um ponto que dizemos ser o início e outro o término da liberdade:

“a liberdade não tem essência, instaura-se desprovida de qualquer necessidade de lógica. Já nesse sentido, a existência precede e comanda a essência, e todo empenho em demarcar a liberdade torna-se fundamentalmente contraditório, pois a liberdade se explica como fundamento de todas as essências. Não se trata, portanto, de uma propriedade ou de uma tendência acrescida à minha natureza; trata-se do estofo mesmo de meu ser, e, analogamente à consciência, deve-se ver nela uma simples necessidade de fato uma contingência radical”.
4. RELAÇÃO ENTRE BANKSY E SARTRE

Na fotografia de Banksy, notamos sua tentativa irônica de mostrar que o homem mesmo em uma região de constantes conflitos, ainda é livre. Então, podemos dizer que a partir de uma profunda reflexão o homem descobrirá inúmeras possibilidades e atingirá o conceito de liberdade a qual o Sartre se refere. E também se tornará o único responsável pelas suas ações e escolhas.

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