segunda-feira, 13 de abril de 2015

Aulas de Filosofia: Ser humano - Trabalho, consumo e alienação

Olá! Aos poucos tenho feito meus planos de aula de Filosofia para o Ensino médio  e este trata do tópico Ser Humano - Trabalho, consumo e alienação. Espero que gostem!

Aula de Filosofia – Alienação
Professor(a): 
Conteúdo: Alienação – Trabalho alienado
Trabalho
A palavra trabalho vem do latim tripalium que é o nome de um instrumento feito de três paus para tortura. Existem duas acepções de trabalho, a primeira, positiva divulgada pelo filósofo alemão Hegel (1770), ele afirmava que somente pelo trabalho o ser humano consegue colocar suas potencialidades nos objetos por ele criados., ou seja, o trabalho poderia promover a realização da pessoa, a edificação da cultura e a solidariedade. A segunda acepção, se origina nas sociedades capitalistas. Para o filósofo Karl Marx (1818), o trabalho possui um papel negativo pois deixa de servir ao bem comum, sendo utilizado para o enriquecimento apenas de alguns.
Alienação
A palavra alienação vem do latim alienare, que significa “tornar algo alheio a alguém”, ou seja, “torna algo pertencente a outro”. Na concepção filosófica contemporânea quer dizer um processo pelo qual os atos de uma pessoa são influenciados por outros, em uma posição inferior e contrária a quem o influencia. Nesta acepção, a palavra deve seu uso ao filósofo Karl Marx.
Marx identificou dois momentos distintos de alienação, o primeiro consiste o da objetivação, que se refere à capacidade da pessoa se objetivar, ou seja, de se exteriorizar nos objetos e nas coisas que ele cria. O segundo momento é aquele em que o indivíduo principalmente no capitalismo, após transferir suas potencialidades aos seus produtos deixa de identifica-los como sua obra. Ou seja, os produtos não são pertencentes a quem os produziu, mas tornam-se “estranhos” a eles, tanto no plano econômico, como no psicológico e no social.
Na nossa sociedade o processo de alienação atinge múltiplos campos da vida humana, invadindo as relações das pessoas com o trabalho, lazer, consumo, seus semelhantes e consigo mesmo. Abaixo encontra-se especificado a alienação do trabalho.
Alienação do trabalho


Na nossa sociedade a produção econômica transformou-se no objetivo imposto às pessoas, quer dizer, não são as pessoas o objetivo da produção, mas a produção em si. Esse processo acentuou-se no século XIX quando o trabalho nas indústrias tornou-se rotineiro, automatizado e especializado, subdividido em múltiplas operações, pois se visava economizar tempo e aumentar a produtividade.
A forma de organização do trabalho em linhas de operação e montagem, aperfeiçoada posteriormente pelo economista Frederick Taylor, ficou conhecida como “taylorismo”, a sua consequência é que a fragmentação do trabalho conduz uma fragmentação do saber, uma vez que o trabalhador perde a noção de conjunto do processo produtivo.
Essa forma de organização do trabalho conduz ao trabalho alienado e ainda pode ser observado em muitas indústrias, onde o operário é restringido ao cumprimento de ordens relativas a qualidade e quantidades da produção. O trabalhador não pode decidir sobre o resultado final, repete sempre as mesmas operações mecânicas produz bens estranhos a sua pessoa, aos seus desejos e as suas necessidades.
O trabalhador é submetido a um sistema que comumente não lhe permite desfrutar financeiramente de sua própria atividade. Dessa forma, a meta é produzir para satisfazer as necessidades do mercado não propriamente à do trabalhador. Fabricam-se para uma elite econômica enquanto o trabalhador mantém-se miseravelmente.
O trabalho alienado costuma ser marcado pelo desprazer, pela exploração e embrutecimento do trabalhador. Em Manuscrito econômico-filosóficos, Marx descreve este processo:
Primeiramente, o trabalho alienado se apresenta como algo externo ao trabalhador, algo que não faz parte de sua personalidade. Assim, o trabalhador não se realiza em seu trabalho, mas nega-se a si mesmo. Permanece no local de trabalho com uma sensação de sofrimento em vez de bem estar, com um sentimento de bloqueio de suas energias físicas e mentais que provoca cansaço físico e depressão. Nessa situação, o trabalhador só se sente feliz em seus dias de folga enquanto no trabalhado permanece aborrecido. Seu trabalho não é voluntario, mas imposto e forçado.
O caráter alienado desse trabalho é facilmente atestado pelo fato de ser evitado como uma praga; só é realizado à base de imposição. Afinal, o trabalho alienado é um trabalho de sacrifício, de mortificação. È um trabalho que não pertence ao trabalhador, mas sim à outra pessoa que dirige a produção. (MARX, 1989, p. 23).
Na alienação o ser humano perde sua individualidade, transforma-se em mercadoria, sente-se como uma “coisa”, que só alcançará sucesso no “mercado das personalidades” (COTRIM, 2010, p. 147)! Cada pessoa vê a outra segundo critérios e valores definidos por esse mercado.

REFERÊNCIAS:
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2010.
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Lisboa: Edições 70, 1989.

Aula de Filosofia – Alienação 2
Professor(a): 
Conteúdo: Consumo e Lazer Alienado


Celular, computador, TV + sorvete, pipoca, chocolate e refrigerante, quem não gosta? Você já se perguntou de onde vem as coisas que compramos e pra onde vão quando nos desfazemos dela? Observe o esquema abaixo:

(Matéria-prima)                (poluição)                     (Distribuição)              (Consumo)        (tratamento?)
NATUREZA ------------ FÁBRICAS ------------- COMÉRCIO ------------ CASAS --------------- LIXO
(Extração)                        (Produção) 

Em primeiro lugar, neste sistema parece que está tudo bem, sem problemas. Mas na verdade é um sistema em crise, porque trata-se de um sistema linear e nós vivemos num planeta finito, sendo assim, devemos investigar mais atentamente.
Como podemos definir o termo consumo? Consumir significa utilizar, dar fim a algo, para alcançar determinado objetivo. Então, consumir é participar de um patrimônio construído pela sociedade. Assim, além de atender às necessidades individuais, o consumo expressaria também a forma pela qual o indivíduo está integrado à sociedade. O consumidor alienado age como se a felicidade consistisse, apenas, numa questão de poder sobre as coisas, ignorando o prazer obtido com aquilo que verdadeiramente ama. O consumo deixa de ser um meio de expressão do prazer pessoal e se transforma num fim em si mesmo. Torna-se um ato obsessivo alimentado pelo apetite de novidade e distinção social.
“Quanto mais intensa é a preocupação do indivíduo com o poder sobre as coisas, mais as coisas o dominarão, mais lhe faltarão traços individuais genuínos.” Max Horkheimer (1885)

O lazer alienado



A indústria cultural e de diversão vende peças de teatro, filmes, livros, shows, jornais e revistas como qualquer outra mercadoria. E o consumidor alienado compra seu lazer da mesma maneira como compra seu sabonete. Consome os “filmes da moda” e frequenta os “lugares badalados” sem um envolvimento autêntico com o que faz.

EXERCÍCIOS

1. O que você entendeu sobre este trecho do poema “Eu, etiqueta”, de Carlos Drummond de Andrade:
Estou, estou na moda
É doce estar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.

2. ”O trabalho dignifica o homem” X “O trabalho escraviza o homem”. Interprete essa contradição.

3. Que papel tem a propaganda no processo de alienação?

4. Considerando os exemplos da sua vida cotidiana, explique como o processo de alienação afeta o indivíduo:
a) em sua relação consigo mesmo;
b) em sua forma de consumir;
c) em seu jeito de descansar e se entreter;
d) em sua maneira de relacionar com outras pessoas.

*Você poderá passar este tópico para seus alunos da forma que achar melhor, eu sempre trabalho citações, trechos de textos filosóficos, vídeos e e imagens.

5 comentários: