terça-feira, 10 de abril de 2012

Educação & Filosofia na Idade Clássica

  "Educar-se é permanentemente esculpir-se."
(Plotino)
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        Analisar o processo educacional durante toda a história deve ser-lhe agregado um valor importantíssimo, pois é através desses estudos que podemos evitar problemas já enfrentados, articular as novas concepções com as já praticadas e criar o novo, que atenderá as mudanças que o mundo enfrenta com o passar do tempo.
Levando em consideração fatores importantes para a formação do cidadão/sociedade, do indivíduo e do crescimento tecnológico/natureza, podemos tentar promover comentários relevantes sobre nossa atualidade priorizando estes fatores essenciais com a educação na Idade Antiga de Atenas.
            Atenas era uma sociedade dividida em três partes, os eupátridas (grandes proprietários de terras), os georgóis (pequenos proprietários) e demiurgos (artesões especializados), além de um pequeno número de escravos. Destacamos a valorização que Atenas tinha para com a educação de seu povo, o que fez com que a cidade se transformasse no centro cultural e intelectual do Ocidente. É em Atenas que surge a filosofia e também a democracia, ou seja, a cidade foi o berço do nosso Mundo Ocidental.
            O processo educacional vigente em Atenas preconizava dois aspectos na formação do homem: a formação do homem de ação e a formação do homem de sabedoria. A educação ateniense tinha como objetivo principal à formação de indivíduos completos, ou seja, com o bom preparo físico, psicológico e cultural. Desta forma, a educação ateniense refletiu os anseios e valores desta sociedade.
            Podemos dizer que ela tinha a ambição de reunir num só corpo a beleza física e moral de um indivíduo. No entanto, esta educação se manteve como apenas um ideal para a maioria da população, pois que ela somente vingava para poucos, para a elite.
            Pairava um clima muito propício na cidade, pois que não havia local público na cidade de Atenas (ágora, ginásios, palestras, estádios ou teatro) onde não se encontrasse um mestre tentando atrair seus possíveis alunos.
            Hoje em dia percebemos que é exatamente o contrário que se desenrola em nossa sociedade no que tange ao processo educacional que empregamos. Desde criança os jovens vêem o estudar como um processo árduo, no qual ele deve parar tudo o mais para fazer algo que simplesmente não utilizará algo que ele de imediato, ou na maior parte das vezes nunca descobrirá o seu verdadeiro valor.
Justamente por isso, quando pensamos no estudar, logo relacionamos a sensações de desgaste, de cansaço e com isso você tende a ir deixando, adiando esse momento.
No entanto, quando nos dedicamos em um trabalho de estudo, quando já tentamos de tudo para evitar este momento e agora já não nos resta outra alternativa, nos debruçamos em nossas carteiras, nos livros, escrevemos, pensamos e... a satisfação, o prazer da conquista. São estes os sentimentos que a criação nos oferece. Os verdadeiros sentimentos que uma dedicação aos estudos deveriam nos remeter.
Em Atenas, a educação era vista como algo necessário e junto como algo que a todo instante promovia satisfação, como a elevação do homem. Através da educação que o homem era capaz de demonstrar o que realmente era, realização.
Não podemos negar os sentimentos de conquista gerados em nós quando chegamos ao fim de um estudo, ou mesmo quando encontramos uma surpresa no meio do caminho e este faz com que mudamos completamente a nossa direção, é impossível negar que o homem é pura atividade, ou seja, que ele se satisfaz com suas ações, e é através destas que o mundo se desenvolve e também permanece.
            Se encararmos o processo educacional inserido em nosso dia a dia, como algo que acontece naturalmente e que não precisa de pressões para acontecer, sem dúvidas todo o processo de desenvolvimento que estamos passando não promoverá nossa destruição como dizem, pelo contrário, todo ele surgirá com o intuito de conservação e de garantia. Neste ponto temos a educação como um fator de fundamental importância para o nosso desenvolvimento e é assim que ela deve ser encarada, como o primeiro passo.

Karoline Santos Gomes

Violência e Bullying nas Escolas

Trabalho apresentado pelas estudantes de filosofia da UFSJ: Daiane Fátima de Souza
Juliana Oliveira Monteiro
Karoline Santos Gomes
na disciplina Psicologia da Educação II - 2º semestre/2011

O bullying é um tema que vem se destacando muito nos dias atuais e em todo o mundo, possui uma infinidade de opiniões, estudos, publicações e etc., que tentam explicar o fenômeno e os motivos que leva um indivíduo ou grupo a agir de forma deliberada e tão cruel.
No entanto, surgem também interpretações e informações equivocadas que geram controvérsias e que acabam dificultando o processo de entendimento e resolução do problema.
O Conceito
Bullying, é uma forma de violência que ocorre na relação entre pares e sua incidência é maior entre os estudantes, ou seja, no meio escolar e hoje também é identificado fora dele, por exemplo, em ambientes virtuais (cyberbullying). Ele é caracterizado pela intencionalidade e também pela continuidade das ações agressivas contra uma mesma vítima o que resulta em danos e sofrimentos.
Além disso, é também considerado como uma forma de violência gratuita onde a vítima é exposta a uma série de abusos repetidamente, dentre eles: constrangimento, exclusão, discriminação, ameaça, intimidação, etc. Tais atitudes fazem com que a vítima se sinta menosprezada, inferiorizada, humilhada, dentre outras.
Com base nas entrevistas realizadas em uma escola pública, comprovamos que existem divergências no que tange o conceito de bullying, isto é devido aos estudos que são recentes e à carência de estudos mais aprofundados que avaliem seus impactos ao longo do tempo.
 Questão 1 - Especifique suas concepções sobre bullying.
Professor de Educação Física
“Ato de desrespeito e muitas vezes envergonhado pela pessoa agredida”.
Professora de Artes
“Agressão gratuita verbal ou física, por desrespeito às diferenças.”
Professora de História
“Qualquer forma de constrangimento, seja pela cor, aparência, religião, etc.”
Funcionária
“Acho que é um desrespeito, independente da religião, das diferenças.”
Questão 2 - Como você identifica a prática do bullying? Levando em consideração que há brincadeiras entre os alunos, como distingui-lo?
Professor de Educação Física
“A maioria inicia-se com brincadeiras e na grande maioria a própria vítima acha graça, não se dando o respeito. Tal fato se repete com tanta freqüência, que os alunos acham normal as brincadeiras e nem percebem que a agressão é considerada Bullying.” 
Professora de Artes
“Quando esta brincadeira é ofensiva e repetitiva.”
Professora de História
“Quando passa a ser desrespeitosa.”
Funcionária
“Como um desrespeito mesmo. Isso eles aprendem em casa, é falta de atenção, falta dos pais mostrar o que é certo e o que é errado, falta de limite.”

Convergências em seu significado
Uma ideia semelhante que podemos destacar é de que o combate ao bullying vem sendo uma missão mais atribuída às escolas do que aos tribunais e ao governo. Percebemos que nenhum caso de bullying ainda não ultrapassou os limites da escola:
Questão 3 - Ao diagnosticar um caso de bullying, como é dada a orientação ou punição para os alunos (vítima e agressor)? Envolve o conselho tutelar?
Professor de Educação Física
“Desconheço algum caso que já tenha chegado a tal ponto”
Professora de Artes
“Não presenciei nenhuma situação grave a ponto de envolver o conselho tutelar.”
Professora de História
“Depende da situação, em caso mais grave chamamos os pais.”
Funcionária
“Eles reagem, chamam o Conselho Tutelar. Aqui nunca aconteceu, não sei o que fariam. Quando acontece uma coisa simples eles já corrigem.”
Segundo as leis devem ser instituídos nas escolas programas preventivos, e que sejam compostos por um conjunto de ações visando reduzir o problema e o incentivo da cultura de paz. Entre os programas podemos citar: capacitação de docentes e equipe pedagógica para o diagnóstico; intervenção e encaminhamento de casos; envolvimento da comunidade escolar – pais, docentes, discentes, equipe pedagógica – nas discussões e desenvolvimento de ações preventivas, entre outros.
No entanto, na realidade escolar estes programas não estão acontecendo e além do mais os profissionais da educação estão totalmente desinformados do que seja e se a sua escola desenvolve algum projeto de prevenção ao bullying. Tal fato pode ser claramente percebido nas respostas dadas as seguintes perguntas:

Questão 4 - A escola realiza projetos de prevenção ou de conscientização sobre bullying?
Professor de Educação Física
“Houve palestra e há também orientação da direção.”
Professora de Artes
“Sim, o PEAS.”
Professora de História
“Sim, durante todo o ano.”
Funcionária
“Não tem, que a gente saiba. Talvez tenha mais à tarde com as crianças.”
Questão 5 - Todos os funcionários da escola podem participar de tais projetos?
Professor de Educação Física
“Creio que sim.”
Professora de Artes
“Sim, os que se interessarem.”
Professora de História
“Sim.”
Questão 6 - Existem projetos na escola sobre bullying que envolvam os pais?
Professor de Educação Física
“Se há, eu desconheço.”
Professora de Artes
“Os projetos envolvem toda comunidade escolar, os que estiverem interessados.”

Professora de História
“Não, o que é uma falha.”
Quem são
É importante ressaltar que nas ocorrências de bullying é necessária a identificação dos participantes, estes não se restringem somente a vítima e agressor, temos: a “vítima típica”- aquele que serve de bode expiatório para um grupo; a “vítima provocadora”- aquele que provoca determinadas reações contra as quais não possui habilidades para lidar; a “vítima agressora”- aquele que reproduz os maus-tratos sofridos;  o “agressor”- aquele que vitimiza os mais fracos e o “espectador”- aquele que presencia os maus-tratos, porém não o sofre diretamente e nem o pratica. Quanto a essa questão obtemos as seguintes respostas:
Questão 7 - Em sua opinião, qual o perfil da maioria dos alunos que são vítimas de bullying? E do agressor?
Professor de Educação Física
“Vitima: a maioria timidez, agressor: arrogância, indisciplinado, liberdade entre os envolvidos”
Professora de Artes
“As vítimas são tímidas de baixa auto-estima e inseguras. O agressor normalmente, são seguros e desinibidos, mas com baixa auto-estima também”
Professora de História
“Pessoas mais tímidas ou que tenha algo que se destaque em sua aparência física.”
Funcionária
 “Vítima: Sem perspectiva, fechada, retraída. Agressor: Mal educado, violenta, agressiva, sem respeito.”
Identificação
Infelizmente é difícil tanto para os profissionais da educação quanto para os pais identificar e distinguir o bullying de outras ações agressivas. Principalmente os pais devem ficar atentos a alguns comportamentos frequentes neste caso, no perfil do agressor em que se destaca os seguintes sintomas: irritabilidade, agressividade, impulsividade, ar de superioridade, etc. Já no caso da vítima é preciso atentar-se para: explosões de irritação, dores de cabeça e de estômago, tonturas, pouco apetite, entre outros.
“Esta forma de violência é de difícil identificação por parte dos familiares e da escola, uma vez que a vítima se vale da ‘lei do silêncio’, por medo de sofrer represálias e por vergonha de admitir que está apanhando ou passando por situações humilhantes na escola ou, ainda, por acreditar que não lhe darão o devido crédito. Sua denúncia ecoaria como uma confissão de fraqueza ou impotência de defesa.”
Cleo Fante
Questão 8 - Em sala de aula ou em outro lugar do ambiente escolar, já presenciou alguma situação de bullying?
Professor de Educação Física
“Sim.”
Professora de Artes
“Sim, várias vezes.”
Professora de História
“Infelizmente sim.”
Funcionária
“Não, somente brincadeiras.”
Questão 9 - Qual sua reação diante de tal situação?
Professor de Educação Física
“Quando a vítima é uma pessoa próxima, tomo a liberdade e peço que ela se dê o respeito para que não se repita.”

Professora de Artes
“Indignada, tento intervir, mostrando a posição errada do outro lado.”
Professora de História
“Não acho correto, minha reação seria entrar no meio e defender a vítima.”
Funcionária
“Não acho correto, minha reação seria entrar no meio e defender a vítima.”
Questão 10 - Como você identifica a prática do bullying? Levando em consideração que há brincadeiras entre os alunos, como distingui-lo?
Professor de Educação Física
“A maioria inicia-se com brincadeiras e na grande maioria a própria vítima acha graça, não se dando o respeito. Tal fato se repete com tanta freqüência, que os alunos acham normal as brincadeiras e nem percebem que a agressão é considerada Bullying.” 
Professora de Artes
“Quando esta brincadeira é ofensiva e repetitiva.”
Professora de História
“Quando passa a ser desrespeitosa.”
Funcionária
“Como um desrespeito mesmo. Isso eles aprendem em casa, é falta de atenção, falta dos pais mostrar o que é certo e o que é errado, falta de limite.”
Percebemos através das entrevistas que as escolas não estão preparadas para lidar com situações de bullying, devido à falta de programas e projetos preventivos que envolvam a participação da comunidade escolar (pais, professores, pedagogos, funcionários, estudantes, etc) e as variadas concepções superficiais sobre o assunto e sobre a própria escola.
 No entanto, é de fundamental importância que as escolas promovam espaços para que ocorra uma verdadeira conscientização sobre o bullying e que possuam também a participação de profissionais capacitados que possam diagnosticar e prevenir essas práticas.

Referências:

Interação Professor-Aluno

Trabalho apresentado pelas estudantes de filosofia da UFSJ: Daiane Fátima de Souza
Juliana Oliveira Monteiro
Karoline Santos Gomes
na disciplina Psicologia da educação I - 1º semestre/2011


No presente trabalho será discutida a atual questão da importância de se promover uma possível relação entre o professor e seus alunos. Investigaremos acerca da questão da falta de interesse dos alunos, que consequentemente está relacionado com diversos fatores, entre eles: falta de uma boa formação dos professores, de valorização do professor, de recursos materiais nas escolas, de criatividade do professor e o profissional que não se identifica com a profissão.
Para melhor tratarmos o tema acima, foi analisada a obra de Cipriano Carlos Luckesi, intitulada Filosofia da Educação, mais propriamente o capítulo sexto, cujo título é: Sujeitos da Práxis Pedagógica: O Educador e o Educando, no qual ele descreve minuciosamente como devemos definir o que seria os “sujeitos” da prática educativa e como poderia ocorrer uma relação entre eles.
Também foi analisado dois artigos científicos, o primeiro intitulado: Variáveis que afetam a aprendizagem: percepção de alunos de licenciatura e professores das autoras: Elzira Teixeira Ariza Oliveira e Solange Muglia Wechsler, e o segundo Processos de significação na relação professor-alunos: uma perspectiva sociocultural construtivista de Maria Carmen Villela Rosa Tacca e Angela Uchoa Brancco.
A princípio Luckesi procura definir o que são os sujeitos da práxis pedagógica e qual o seu verdadeiro papel, no entanto, ele enfatiza, que para tanto, é necessário analisar essa questão a luz da razão, ou seja, devemos sair do mero senso comum e iniciar de forma critica com a pergunta “O que é o Ser Humano?”.
O ser humano é dotado de várias características, entre elas: ele é social, pode transformar a realidade e a si próprio por meio de sua ação, é um ser histórico, então, está em constante movimento, sofre transformações determinadas pelo seu tempo.
Para fundamentar estas características, o autor vai descrever o pensamento de Marx, no que se refere à questão do trabalho na sociedade capitalista. Para ele, a “essência do ser humano é o trabalho”, pois é fonte criadora. Luckesi vai tentar promover didaticamente uma discussão concreta sobre o processo da educação, pois assim, estaremos em contato com a verdadeira situação educacional atual, em que o educar é construir e alienar ao mesmo tempo.
Como o ser humano se realiza pela sua ação, está deve ser entendida, como sendo um ponto positivo do trabalho/educação, por ela o homem pode voltar-se para si mesmo, ele pode refletir sua ação e procurar conhecimento. Aqui encontramos um eterno movimento que promove desenvolvimento. No entanto, essa mesma ação que constrói o ser humano, também o aliena. E exatamente, por termos este fator negativo, que aliena a consciência do educando, passamos a enxergar uma possibilidade da mudança, que poderá ocorrer através da criatividade e da comunicação das experiências entre os seres humanos.
O educador possui um importante papel nesse processo. Ele é o ser humano que possui um papel específico na relação pedagógica, que seria o de mediar o universal (a cultura acumulada pela humanidade) e o particular do educando, que deve ser sempre considerado. Para tanto, o educador deve ter um nível de cultura necessária, por isso ele não pode ser ingênuo, ou mero reprodutor da sociedade, ele também tem que ter clareza daquilo que está comprometida a sua ação.
Também temos que ressaltar o quanto se faz importante a competência teórica, o educador não deve “despejar” conteúdos na sala de aula, ele precisa conhecer bem seu campo e desejar ensinar, possuir a “arte de ensinar”, gostar e se identificar com a profissão.
O educando é o sujeito que busca adquirir um novo patamar de conhecimento, habilidades e modos de agir, por isso busca a escola (forma institucionalizada de educação na sociedade moderna, que exige cada vez mais novos níveis de entendimento). Ele não é “pura massa” a ser informada, mais deve ser visto como um sujeito com capacidade de construir-se a si mesmo.
A cultura elaborada não suprime a cultura do educando, adquirida pelas suas experiências cotidianas (limitada), ela necessita da mediação do educador e é uma nova cultura reorganizada pelo próprio educando. Neste ponto, percebemos que ele não é um puro saber, nem total ignorância, mais um sujeito que busca constantemente conhecer.
Na relação professor-aluno, o educador é o responsável por criar condições para que o aluno cresça e se desenvolva o que somente ocorrerá se ele usar o mínimo parâmetro de criticidade e entender que o mundo está em constante transformação, ou seja, a educação é um processo que também passa por mudanças, e o educador precisa sempre se adequar a elas, buscando novos métodos de ensino.
No que diz respeito ao artigo: Variáveis que afetam a aprendizagem: percepção de alunos de licenciatura e professores, as autoras Elzira Teixeira e Solange Muglia procuram ressaltar a importância da interação professor-aluno no decorrer do processo de aprendizagem.
Esse artigo descreve uma pesquisa que foi realizada com o objetivo de analisar algumas variáveis que podem afetar o processo de ensino-aprendizagem. A principal preocupação das autoras era encontrar métodos mais eficazes para assegurar um bom desempenho escolar dos alunos em geral.
Para a realização da pesquisa foi selecionada uma amostra contendo noventa estudantes dos cursos de licenciatura em Matemática, Psicologia e Pedagogia e trinta professores da Rede Estadual. Foi dado um questionário com escala do tipo Likert investigando as seguintes áreas de ensino: cotidiano do aluno, planejamento pedagógico, interação professor-aluno e a criatividade no ensino. Além disso, foi pedido aos sujeitos que citassem dez adjetivos do professor real e dez adjetivos do professor ideal. Os resultados obtidos nessa pesquisa foram de extrema importância para confirmar que falta criatividade, principalmente, nos cursos de graduação em licenciatura.
Foi observado que para os alunos de licenciatura as principais características do professor real foram: cansado, desvalorizado, agressivo e preocupado e para os professores: mal-remunerados, cansado, desvalorizado e desatualizado. Quanto ao professor ideal as principais características consideradas pelos alunos foram: criativo, amigo, pesquisador e atualizado, enquanto para os professores foram: criativo, atualizado, bom salário e respeitado.
A partir dessa pesquisa ficou bem claro que a principal característica do professor ideal tanto para os alunos como para os professores foi à criatividade. Outro ponto importante da pesquisa é a valorização do planejamento. Os alunos dão uma maior atenção para o planejamento do que os professores.  O professor real precisa desenvolver melhor o seu lado criativo a fim de melhorar o processo de ensino-aprendizagem.
Outro ponto que merece grande destaque é a interação professor-aluno. Observa-se a pouca importância dada pelos alunos e pelos professores para essa área. As autoras do artigo pretendiam enfatizar essa questão, pois consideram de extrema importância, porém, nem os alunos nem os professores perceberam a importância dessa interação.
Portanto, o processo de ensino-aprendizagem está com grandes falhas que precisam ser repensadas. Segundo as autoras: “Existe a necessidade de repensar a educação para torná-la mais criativa, desenvolver lideranças criativas que contribuam com melhorias no processo de ensino-aprendizagem libertando os estudantes de um sistema de educação mecanicista e robotizante.” (......).
Assim, foi oportuna a utilização do artigo Processos de significação na relação professor-alunos: uma perspectiva sociocultural construtivista de Maria Carmen Villela Rosa Tacca e Angela Uchoa Brancco.
Será feita uma análise das relações entre interações sociais, processos de significação. O estudo analisará a interação dos fatores socioculturais que tenham uma participação ativa do indivíduo em questão. A exigência da qualidade da educação para todos exige a investigação dos fatores e das circunstâncias que implicam no fracasso escolar na escola pública principalmente, este que é ainda tão persistente.
            Entretanto deve-se ter em mente que o fracasso escolar não está ligado somente à classe social que a criança é educada. “Com a expectativa de desconstruir os mitos criados a respeito das crianças, seu desenvolvimento cognitivo, suas famílias e a condição de pobreza da classe de baixa renda.” (CHARLOT, 2000). Há outros fatores ligados ao mau desempenho nos estudos, e também ao problema de indisciplina dos alunos.
            É importante observar que a criança nesta visão construtivista é considerada como um ser ativo, sendo assim, a escola ao tentar ser democrática acaba por cometer inadequações severas, pois não se abre para a perspectiva dos: sujeitos concretos, com suas diferentes formas de ser e pensar sejam alunos ou professores.
            Nem sempre as crianças aprendem aquilo que supostamente à professora lhes ensina, seja em termos de conteúdos, ou em termos de conhecimentos acerca de si e do mundo à sua volta. Cada criança tem sua maneira própria de receber conhecimentos e informações. Esta vai aos poucos compreendendo o significado dos sistemas culturais que caracterizam o que Valsiner chama de cultura coletiva. Entretanto, co-constrói esses significados de maneira ativa e singular, constituindo a sua cultura pessoal. Dessa forma é inadmissível que crianças saudáveis sejam consideradas limitadas e sem condições necessárias para um processo educacional bem elaborado.
            “No contexto da sala de aula, quando o professor comunica qualquer mensagem, cada aluno vai recebê-la significando-a de um modo específico, muitas vezes bem diferente.” (TACCA, 2000).
            A experiência foi feita com duas professoras de segunda série da educação básica. Os processos observados foram:
1°: comunicativos e metacomunicativos
2°: as estratégias pedagógicas
3°: as relações com o saber que eram possibilitadas.
      Houve três sessões que foram "estruturadas" visando:
1°: a privilegiar interações da professora com o grupo todo
2°: os alunos deveriam trabalhar entre si com sua supervisão
3°: a sessão deveria ser estruturada para promover interações didáticas professora-aluno.
      Vilma selecionou quatro alunos, suas atividades desenvolveram em quatro dias consecutivos, já Yolanda em três dias. É importante ressaltar que ambas as professoras se dedicaram para ajudar nas etapas da experiência. O critério de seleção dos alunos foi por terem dificuldade de aprendizagem e de comportamento. Os nomes das professoras e dos alunos são fictícios.
      Vilma escolheu trabalhar com o resumo da fábula A cigarra e a formiga. Tinha pedido aos alunos que trouxessem para a aula curiosidades sobre as cigarras e formigas, após cobrar a tarefa ao aluno João Paulo constatou que este não havia pesquisado nada não só este, mas seus colegas também, Vilma não se preocupou em indagar por que estes não realizaram a tarefa. A professora havia trazido consigo xérox de textos científicos de enciclopédias. Começou então a ler para os alunos numa linguagem científica super difícil, tanto que ela mesma tinha notável dificuldade para ler. Os alunos faziam perguntas interessantes e muito pertinentes a professora, porém esta não estava com segurança de responder, afinal nem ela não se preparou para as possíveis dúvidas dos alunos.
      Ao demonstrar certo nervoso e desconforto diante dos alunos, Vilma disse a eles que o motivo de tanta dúvida se devia ao fato deles não terem realizado a tarefa.
      A interatividade da professora e dos alunos se ateve num clima de incerteza, insegurança e medo afastando possibilidades de aprendizagens significativas sobre um bom tema que despertava a curiosidade e motivação das crianças.
      A professora Yolanda escolheu trabalhar o livro Se as coisas fossem mães, de Sylvia Orthoff. A história era muito propícia já que era mês das mães. Yolanda pediu aos alunos uma atividade escrita que ampliasse as ideias do livro. Esta dava indicadores que ajudavam as crianças a estabelecer relações com coisas ou experiências já vividas. Quando a criança pedia auxílio à professora, esta procurava que a criança mesma identificasse de forma ativa o próprio erro.
      Yolanda mantinha uma voz segura e firme procurando passar segurança aos alunos, incentivava-os dizendo “você sabe”. E por fim reforçava: “não disse que você sabia”.
Vilma: emitia mensagens explicitas e implícitas (verbais e não-verbais) sobre sua desconfiança em relação à capacidade de atenção e aprendizagem das crianças. Os processos de comunicação eram caracterizados, segundo ela, pela falta de interesse ou pré-requisitos por parte dos alunos (conhecimentos prévios, condições familiares, capacidades intelectuais). Por parte dos alunos, observou-se retraimento, medo, insegurança, e submissão diante da autoridade.
Yolanda: apresentava-se bastante construtiva em seus processos comunicativos com os alunos, construindo com eles uma relação de confiança. Cuidadosa nas mensagens implícitas e explícitas, falava com as crianças, mesmo quando corrigia seus erros, considerando que estavam em processo de construção da aprendizagem. Ao questionar as crianças, Yolanda mostrava-se transparente em seus objetivos e intenções, evidenciando respeito ao grupo. Nas perguntas desafiadoras, não havia indicadores de acusação implícita.
Em relação às estratégias pedagógicas, mediadoras da ação docente, foi possível verificar que ambas tinham recursos e/ou materiais pedagógicos similares. A diferença estava na forma como estes eram utilizados, e em quais atividades eram propostas. O que diferenciava as professoras não eram os recursos que tinham para trabalhar, mas suas crenças e objetivos. 
Cada professor tem seu estilo e assim como McDermott (1977) dizia:“O importante não é o "estilo" do professor, mas sim o estabelecimento de uma relação de confiança entre ele e seus alunos.”
A conclusão aponta pata o fato dos processos de significação estar apoiados na metacomunicação e na unidade cognição-afeto, que direcionam as possibilidades de aprendizagem.

Considerações finais
Tanto na docência como em outras profissões amar o que se faz é o principal fator que garante o sucesso de ambas as partes, assim não só o profissional da educação, mas também as sociedades em geral se beneficiarão com os resultados obtidos posteriormente.
Atualmente percebe-se pouco ou nenhum interesse dos alunos para a aprendizagem dentro das escolas, esta realidade poderia ser modificada se houvesse profissionais mais criativos, visto que a criatividade é essencial para o processo interação professor-aluno, nota-se a necessidade de mudança nos métodos de ensino atuais que deve começar na graduação, mais especificamente, nas disciplinas pedagógicas dos cursos de licenciatura, possibilitando assim ao futuro professor e ao meio escolar uma relação mais harmoniosa e produtiva em todos os aspectos.

Referências

         www.scielo.br acesso em 13/06/2011 

         LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo, Cortez. 1991



Conversa com o Prof. Silvio Gallo na UFSJ

No dia 26 de março os estudantes de filosofia tiveram a oportunidade de se reunir com o Professor Silvio Gallo e discutir questões pertinentes ao ensino de filosofia no Brasil. A maioria dos estudantes presentes faziam parte do PIBID e variadas foram as questões levantadas, entre elas: Existe um método para se ensinar filosofia?; Qual é a diferença entre os dois métodos sugeridos pelo autor em seus livros?; O professor de filosofia deve definir uma posição filosófica a partir da qual pensa e ensina? e sobre a dificuldade de se chegar ao momento da conceitualização em sala de aula.
Nossa conversa foi muito gratificante e posso dizer que nos enriqueceu muito, principalmente no que se refere a motivação por dar continuidade a problemática Ensino de Filosofia.

domingo, 1 de abril de 2012

Café Filosófico: O AntiCristo de Friedrich Nietzsche





Título: O Anticristo de Friedrich Nietzsche
Objetivo: Analisar e discutir com os demais estudantes do sexto período de filosofia alguns conceitos básicos (cristianismo, Deus, niilismo, compaixão, etc) do pensamento de Friedrich Nietzsche em sua obra O Anticristo.




Desenvolvimento:
Ao chegarem no Setec os estudantes receberam peças de cores diferentes que seriam utilizadas na divisão dos grupos. Iniciamos o café filosófico às 19hs e 20 minutos com a apresentação do grupo responsável pelo mesmo e logo em seguida foi feita uma breve contextualização do autor juntamente com a da obra analisada, pelo integrante do grupo Pedro. Depois exibimos um vídeo intitulado Nietzsche e o Sofrimento do autor Allan de Button.
A seguir eles formaram os grupos conforme as peças do quebra cabeça, no total tinham quatro grupos com cinco estudantes e apenas um com três. Cada grupo recebeu um aforismo diferente da obra para ser lido e discutido com o grupo. Eles deveriam também levantar problemas, conceitos, dúvidas, etc. (40 minutos)
Às 20hs e 30 minutos demos início à discussão (de comum acordo todos concordaram em cancelar o intervalo proposto no pré-projeto.
Em círculo, uma estudante prontamente colocou uma questão a ser discutida: “Nietzsche propôs ou não um Deus aos moldes dos deuses gregos?” e a partir dessa questão outras questões surgiram. Sendo assim, percebemos que a discussão girou em torno de todos os aforismos o que possibilitou relacioná-los facilmente até o final da discussão. Quase todos os grupos puderam contribuir para a discussão através das suas anotações e problemas levantados, apenas um grupo não se manifestou.
Questões e conceitos:
Crítica de Nietzsche aos metafísicos; Lutero e o protestantismo; o que é niilismo; a questão de Paulo; o eterno retorno; renascimento; crítica ao cristianismo; transvaloração dos valores e o conceito de compaixão.
A discussão ocorreu muito bem, todos estavam atentos e por dentro do assunto, vários estudantes participaram ativamente da discussão, ao contrário do que pensávamos todos estavam com mente aberta e sem nenhum preconceito com as questões polêmicas que Nietzsche é capaz de gerar, assim eles discutiram a partir da própria perspectiva do autor sem levar para o lado pessoal ou religioso.
Para iniciar o momento da avaliação do café, tivemos que extrapolar um pouco o horário, pois todos estavam entusiasmados com a discussão que poderia render muito mais. Percebemos que o tema foi muito pertinente e intrigante.
Quatro estudantes se disponibilizaram a participar da avaliação. Colocamos no centro do círculo um jogo de café contendo quatro xícaras e um bule, cada xícara com uma descrição (café quente, frio, amargo e doce). Eles escolheram um desses elementos e fizeram uma analogia com a discussão.
Após a avaliação, liberamos a mesa de café.












A elaboração do café filosófico foi muito trabalhosa em vários aspectos (conciliação de horários para se reunir com o grupo, divergências de opiniões e entendimento sobre a obra, reserva de sala, etc), no entanto, contamos com a colaboração de vários professores do departamento de filosofia, em especial a professora Maria José, que nos ajudou em todos os momentos.
O dia da execução do café foi muito gratificante, contamos com a presença de quase todos os estudantes do sexto período e com alguns convidados. Todos estiveram atentos a todas as atividades e participaram ativamente das mesmas.


Prof. ª Ms. Maria José Netto

Graduandos do 6º período de Filosofia da UFSJ: Cinthia Domingues Costa
               Daiane Fátima de Souza
               Juliana Oliveira Monteiro
               Karoline dos Santos Gomes
Pedro de Carvalho Reis


Alguns Projetos desenvolvidos pelo PIBID Filosofia apresentados no X Congresso de Produção Científica UFSJ

CINE REFLEXIVO: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR NO ENSINO MÉDIO


Introdução: O presente relato de experiência tem o intuito de demonstrar o projeto interdisciplinar Cine Reflexivo, desenvolvido junto aos estudantes do ensino médio da Escola Estadual Dr. Garcia de Lima, na cidade de São João del-Rei/MG. 
Objetivo: O projeto teve como objetivo proporcionar aos estudantes uma reflexão sobre a realidade em que vivem através do cinema. O projeto contou com a participação de bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência – PIBID, das licenciaturas de Educação Física e Filosofia.
Metodologia: Neste projeto buscou-se discutir questões éticas e sociais contemporâneas e as relações com a corporeidade, por meio da exibição do filme Linha de Passe, do diretor Walter Salles. O tema do futebol, tratado de forma especial no filme, foi discutido a partir de um olhar filosófico. Para tanto, os bolsistas de Filosofia e Educação Física acompanharam as turmas do ensino médio do período matutino - 1ºs, 2ºs, 3ºs anos - ao cinema da cidade. Posteriormente, os bolsistas envolvidos no projeto realizaram, em sala de aula, discussões reflexivas com os estudantes, considerando as personagens principais, suas ações e trajetórias de vida.
Resultados: O projeto alcançou satisfatoriamente seus objetivos, pois conseguiu um efetivo diálogo entre os estudantes da rede pública e os bolsistas do PIBID de Filosofia e Educação Física, priorizando temas como ética, fanatismo, individualismo, coletividade, responsabilidade, questões existenciais e frustração profissional.
Conclusões: O cinema, fonte rica e permanente de reflexão, possibilita a discussão sobre a realidade em que se vive e sobre as singularidades. Assim, pode-se avaliar sua qualidade e potencial reflexivo. Nesse sentido, o uso do cinema na escola é extremamente positivo e deve ser incentivado, principalmente em atividades interdisciplinares que possibilitam um efetivo diálogo com outros saberes.

Karoline Santos Gomes, Ana Maria Bastos, Daiane F. de Souza, Fabiano França, Flávia Almeida dos Santos, Juliana M. de Faria, Juliana O. Monteiro, Luciana Nori de Macedo, Richard Caires Silva, Vinícius Rangel Ferreira (Bolsistas PIBID/FILOSOFIA/UFSJ)
Maria José Netto Andrade (Orientadora – DFIME/UFSJ)




OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS: DA ANTIGUIDADE AOS DIAS DE HOJE


ENDURO ESCOLA
Filosofia e Ética Ambiental



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