segunda-feira, 18 de junho de 2012

O caráter individual do homem e sua realização na sociedade através da educação segundo Rousseau

Juliana Oliveira Monteiro (Bolsista – PIBID Filosofia)
            Karoline Santos Gomes (Bolsista – PIBID Filosofia)
Maria José Netto Andrade (Orientadora– PIBID Filosofia)


RESUMO: O presente trabalho procura, a partir do pensamento do filósofo e educador Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), figura marcante do iluminismo francês, compreender sua concepção de processo educacional gradual, visando tanto ao homem, como ser individual com suas características peculiares, como uma possível relação harmônica entre o indivíduo e a sociedade. Rousseau parte da noção de que o indivíduo deve se tornar um ser autônomo com capacidade de sobreviver em regiões com as mais variadas formas políticas e crenças. Isso só é possível por meio de uma educação rigorosa, que não visa à quantidade, mas à qualidade. Para Rousseau, controlar os impulsos, as vontades do corpo, o contágio e a degeneração das qualidades naturais, educar para a escolha e a ação de acordo com a necessidade, fundamentando-se no sentimento natural, são pontos importantíssimos a serem alcançados pelo processo educativo.  Rousseau, ao tratar da educação em uma de suas principais obras, intitulada Emílio, ou da Educação, diz que se o desenvolvimento adequado na criança é estimulado, a bondade natural do indivíduo pode ser protegida da influência corruptora da sociedade e, consequentemente, ela se tornará um adulto virtuoso. Dessa forma, será capaz de priorizar a ordem geral em detrimento de sua vontade particular. A proposta educacional rousseniana proporciona-nos, também, discussões sobre sua aplicabilidade na educação atual.
PALAVRAS-CHAVE: Indivíduo. Sociedade. Educação. Rousseau.


Para facilitar a compreensão, o artigo está dividido em quatro subtítulos, o primeiro intitulado O “contrato social” e a “vontade geral”, inicia-se o processo, procura mostrar primeiramente o homem em sociedade, a construção necessária da mesma e a importância da obra “Contrato Social” para o desenvolvimento do presente trabalho.
O contrato social, segundo Rousseau surgiu necessariamente para garantir o bem comum, ele é um meio de encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado com toda a força comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes.[1] Outro conceito importante é o de vontade geral, que se exprime pela soma das diferenças das opiniões, e não a que todos querem. Ela é a anulação das vontades iguais.

O homem quando firma o pacto social não se submete a uma vontade subordinada, mas como representante ele aceita ser dirigido pela vontade geral, da qual ele próprio faz parte, um integrante do corpo político.

No segundo, intitulado Método Gradual no Processo de educação, explicitamos como ocorre o processo de educação para Rousseau, segundo este, o processo deve ser lento e gradual e se inicia antes mesmo do nascimento da criança. Várias são as regras e recomendações em Emílio, na primeira fase de uma criança que vai até os doze anos de idade a educação é estritamente negativa, “Rousseau empenhou-se em esclarecer que é preciso, antes, preparar o terreno para que a virtude possa brotar e florescer[2]. É notavel a intenção de Rousseau de não fazer de sua obra um tratado da educação com métodos a serem seguidos ao pé da letra, pois se assim fosse não estariamos agindo para a formação de um homem livre, com suas caracteristicas e situações próprias.

O responsável pelo processo é o preceptor, mas o ideal seria que o pai de Emílio fosse o responsável pela sua educação, ou seja, o seu preceptor. Sua presença seria imprescindível, pois este naturalmente o ama e tem o dever de educá-lo.

É também importante que a criança não adquira hábitos, pois eles geram outras necessidades além daquelas que são naturais. A questão do hábito, nesta primeira fase da educação segundo o autor, são essênciais, mas não são regras a serem seguidas rigorosamente, apenas ações  que podem variar de acordo com as situações.

No terceiro, Homem – Sociedade, moral – paixão, tratamos da fase em que Emílio está entre 15 e 20 anos, e é nesta que ele irá conquistar autonomia (ser moral) suficiente para viver em sociedade. Nesta segunda fase descrita no livro IV, Emílio vive a sua adolescência, idade das paixões, no entanto, seu preceptor deve ensiná-lo a conviver da melhor forma possível em sociedade.


[1] ROUSSEAU, 1987, p. 32.
[2] DOZOL, 2006, p. 59.


No quarto subtítulo, Hoje em dia, educação para muitos, procuramos fazer um paralelo entre os métodos de Rousseau e os métodos mais convencionais, típicos da educação pública brasileira atualmente. 

O que pensaria Rousseau se deparasse com as nossas salas de aula super lotadas, com uma grande diversidade de alunos, muitos deles sem a mínima estrutura familiar, que se faz tão necessária para se inserir na sociedade cidadãos de boa índole?

Segundo Rousseau a educação se confunde com a vida, no entanto, a criança deve ser estimulada e orientada desde o nascimento por um preceptor, que livre de interesses ama o ato ensinar. Este processo educacional gradual é de fundamental importância para que ela não se entregue as paixões nocivas da sociedade e se desvirtue, caso isso venha a acontecer, a responsabilidade fica sendo unicamente do preceptor, que deve novamente elaborar estratégias com o intuito de encaminhá-la aos métodos que visam a sua própria liberdade.

Atualmente, podemos observar sérios problemas e falhas na educação do Brasil, que se deve a diversos fatores, entre eles: a falta de uma visão estratégica, ou seja, a má gestão das prioridades, a educação deve ser considerada em todos os tempos uma prioridade, e observamos que não é isso que vem acontecendo, pois é possível perceber sérios déficits na educação brasileira; outro fator seria a desinformação da sociedade, em que o governo usufrui da mídia para se promover, maquiando uma realidade, "uma escola assaltada vale mais do que toda repetência daquele ano".



Um dos pontos divergentes da educação brasileira atual com o método rousseniano seria que nossas escolas têm como meta ter cada vez mais alunos aprovados no ensino superior, ou seja, elas não estão preparando o aluno para a vida, mais para as estatísticas de promoção do governo (vestibular etc).

Entretanto, podemos considerar que a nossa educação para todos possibilita a igualdade de oportunidade, usa a diversidade para ensinar e também para incluir a todos, estes são aspectos que irão favorecer uma possível semelhança entre os dois métodos, assim a educação brasileira pode ser considerada uma educação para a vida em todos os sentidos. E é a partir desta reflexão que chegamos a um ponto em comum entre o método do autor e a nossa atual educação, ou seja, parte de seu método ainda pode ser sim aproveitado, mas com determinados ajustes de acordo com as necessidades de nossa época.  



REFERÊNCIAS
DOZOL, Marlene de Souza. Rousseau – Educação: A máscara e o rosto.  Petrópolis: Vozes, 2006.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. 3. ed. São Paulo: Abril, 1983. (Coleção Os Pensadores)
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da Educação. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
STRECK, Danilo R. Rousseau e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
http://revistaescola.abril.com.br/img/politicas-publicas/fala_exclusivo.pdf; >acesso em 10/02/2011 (Os 10 Maiores Problemas da Educação Básica no Brasil) Guiomar Namo de Mello Ed. Fatima Ali, 2003.



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