quinta-feira, 10 de maio de 2012

De Tiziano a Marx: arte, trabalho – como transformação do mundo e ensino de filosofia



MITO DE SÍSIFO
Na mitologia grega, Sísifo (Σίσυφος) foi fundador e rei de Éfira (nome antigo de Corinto). Era filho de Eolo e Enarete e marido de Mérope e foi o pai de Odiseo. Também foi o pai, do deus marinho Glauco. Dizia-se que tinha fundado os Jogos Ístmicos em honra a Melicertes, cujo corpo tinha encontrado tendido na praia do Istmo de Corinto.
Foi promotor da navegação e do comércio, mas também avaro e mentiroso. Recorreu a meios ilícitos, entre os que se contava o assassinato de viajantes e caminhantes, para incrementar sua riqueza. Desde os tempos de Homero, Sísifo teve fama de ser o mais astuto dos homens. Quando Tánatos foi a lhe procurar, Sísifo lhe pôs grilletes, pelo que ninguém morreu até que Ares vinho, libertou Tánatos, e pôs Sísifo sob sua custodia.
Mas Sísifo ainda não tinha esgotado todos seus recursos: antes de morrer disse-lhe a sua esposa que quando ele se marchasse não oferecesse o sacrifício habitual aos mortos, de modo que no inferno se queixou de que sua esposa não estava a cumprir com seus deveres, e convenceu a Hades para que lhe permitisse voltar ao mundo superior e assim disuardi-la. Mas quando esteve de novo em Corinto, recusou voltar de forma alguma ao inframundo, até que ali foi devolvido à força por Hermes.
No inferno Sísifo foi obrigado a empurrar uma pedra enorme acima por uma ladeira empinada, mas antes que atingisse o cume da colina a pedra sempre rodava para abaixo, e Sísifo tinha que começar de novo desde o princípio (Odisea, xi. 593). O motivo deste castigo não é mencionado por Homero, e resulta escuro (alguns sugerem que é um castigo irônico de parte de Minos: Sísifo não queria morrer e nunca morrerá, mas terá que pagar um alto preço e não descansará em paz até o pagar). Segundo alguns, tinha revelado os desígnios dos deuses aos mortais. De acordo com outros, se deveu a seu hábito de atacar e assassinar viajantes. Também se diz ainda que após velho e cego seguiria com seu castigo. Este assunto foi um tópico freqüente dos escritores antigos, e foi também representado pelo pintor Tiziano, entre outros.

  • Tiziano ou Ticiano (Pieve dei Cadore, Belluno, 1477 - Veneza, 27 de agosto de 1576), foi um pintor italiano do Renascimento, um dos maiores expoentes da Escola veneziana.





RELAÇÃO ENTRE SÍSIFO E A QUESTÃO DO TRABALHO PARA MARX

Na analise da pintura de Sísifo de Tiziano e também do mito, ressaltamos o conceito de trabalho, pois que Sísifo fora obrigado a empurrar eternamente uma pedra morro acima, mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde a pedra iria novamente rolar para abaixo e que ele sem contestação deveria descer e empurrar mais uma vez a pedra.
Sísifo desenvolve um trabalho alienante, pois que ele serve de objeto e em conseqüência disso, acaba por se desumanizar, pois que o produto de seu trabalho não existe. O trabalho de Sísifo, portanto, é aplicável em todos os casos de labor infrutífero, isto quer dizer, trabalho em vão ou de esforços baldados inúteis, sem término e sem qualquer finalidade proveitosa.
Segundo Marx, o trabalho é uma atividade pela qual o homem transforma o mundo e a si próprio. Diferentemente dos animais que eram guiados pelos instintos naturais, o homem domina as forças da natureza, de acordo com sua necessidade e vontade, através do trabalho. Mas com o passar do tempo ele verificou que o trabalho assumiu características desumanas, porque os trabalhadores não se realizavam mais como pessoas em suas atividades profissionais.
O homem é sujeito de si mesmo e, da própria história e, portanto, não necessita de um deus acima dele. Para Marx, o homem se fabrica a si mesmo através de seu trabalho.
A filosofia marxista procura justamente se engajar na prática concreta de construção do ser humano. Por isso foi chamada de “filosofia da práxis”, que significa ação aliada à reflexão. Marx sempre se opôs à divisão entre o trabalho intelectual e o trabalho manual: enquanto alguns se dedicam exclusivamente aos estudos, os demais só “pegam no pesado”. Nosso filósofo queria que todos os tipos de trabalho fossem igualmente distribuídos entre os homens.

“Os filósofos não tem feito senão interpretar o mundo de diferentes maneiras: o que importa é transformá-lo.” (Marx)


Referências
- ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando – Introdução à Filosofia. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1992. p. 55-68 e p. 324-333.
- GADOTTI, Moacir. Marx – transformar o mundo. ed. São Paulo: Editora FTD, 1989. p.39-73.

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