quinta-feira, 10 de maio de 2012

Comentário do capítulo seis do livro X da obra Ética a Nicômaco de Aristóteles


No capítulo seis do livro X da obra Ética a Nicômaco, Aristóteles analisa a natureza da felicidade julgando-a não como uma disposição, como se ela estivesse ao alcance do homem sem exigir dele qualquer esforço, mas sim como uma atividade que requer ações contínuas e virtuosas, uma vez que viver bem e conforme a virtude não é nada fácil, mas algo que deve ser conquistado.
Nesse sentido, a felicidade é classificada como uma atividade. No entanto o filósofo discrimina dois tipos de atividades, uma necessária e desejável com vista em outra coisa e outra desejável em si mesma. A felicidade está entre as atividades desejadas em si mesmas, porque a ela nada falta, ela é auto-suficiente, não se procura nada mais além dela. Também as ações virtuosas, nobres e boas participam desta natureza, pois são desejáveis em si.
Logo, as atividades exercidas à luz da virtude e da razão estão presentes na capacidade de todo o homem. Ele deve participar das atividades boas para participar mais da felicidade. Esta é imanente em sua vida, portanto, algo que pode ser conquistado por ele.
Dessa maneira, as boas atividades são identificadas com o agir conforme a virtude – viver de forma reflexiva e participativa. Tais características constam nas atividades do homem nobre, que participa constantemente dos assuntos da Polis como cidadão. Essa é diretriz para o bem viver e para as boas atitudes. Assim, as atividades que exigem esforço, pautadas na seriedade, são melhores e superiores do que as que tendem ao entretenimento, por exemplo. Então, uma vida virtuosa não consiste em divertir-se ou em esforçar-se com vistas às recreações agradáveis, pois elas não se identificam com a felicidade. O relaxamento, por exemplo, não é um fim; quando o escolhemos, escolhemo-lo com vista em outra coisa, o que não acontece com a felicidade que é um fim em si.
Pra Aristóteles a natureza da felicidade não pode ser identificada com a dessas outras atividades, pois qualquer pessoa, até um escravo, pode usufruir dos prazeres do corpo e não menos que o homem virtuoso. Visto que nunca se pode considerar um escravo partícipe da felicidade, por ele não gozar de tempo para participar das atividades de um cidadão e também por suas atividades serem privadas de virtude e razão.
Portanto, as atividades do homem nobre fazem parte da natureza da felicidade, por ele possuir uma vida prática e contemplar o saber das coisas. Suas atividades exigem esforço e não consistem em divertimentos, pois que as atividades sérias ao contrário das risíveis, ainda, participam mais da natureza da felicidade. A felicidade está, assim, nas atividades virtuosas.

Karoline Santos Gomes

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