No
capítulo seis do livro X da obra Ética a Nicômaco, Aristóteles analisa a
natureza da felicidade julgando-a não como uma disposição, como se ela
estivesse ao alcance do homem sem exigir dele qualquer esforço, mas sim como
uma atividade que requer ações contínuas e virtuosas, uma vez que viver bem e
conforme a virtude não é nada fácil, mas algo que deve ser conquistado.
Nesse
sentido, a felicidade é classificada como uma atividade. No entanto o filósofo
discrimina dois tipos de atividades, uma necessária e desejável com vista em
outra coisa e outra desejável em si mesma. A felicidade está entre as
atividades desejadas em si mesmas, porque a ela nada falta, ela é
auto-suficiente, não se procura nada mais além dela. Também as ações virtuosas,
nobres e boas participam desta natureza, pois são desejáveis em si.
Logo,
as atividades exercidas à luz da virtude e da razão estão presentes na
capacidade de todo o homem. Ele deve participar das atividades boas para
participar mais da felicidade. Esta é imanente em sua vida, portanto, algo que
pode ser conquistado por ele.
Dessa
maneira, as boas atividades são identificadas com o agir conforme a virtude –
viver de forma reflexiva e participativa. Tais características constam nas
atividades do homem nobre, que participa constantemente dos assuntos da Polis
como cidadão. Essa é diretriz para o bem viver e para as boas atitudes. Assim,
as atividades que exigem esforço, pautadas na seriedade, são melhores e superiores
do que as que tendem ao entretenimento, por exemplo. Então, uma vida virtuosa
não consiste em divertir-se ou em esforçar-se com vistas às recreações
agradáveis, pois elas não se identificam com a felicidade. O relaxamento, por
exemplo, não é um fim; quando o escolhemos, escolhemo-lo com vista em outra
coisa, o que não acontece com a felicidade que é um fim em si.
Pra
Aristóteles a natureza da felicidade não pode ser identificada com a dessas
outras atividades, pois qualquer pessoa, até um escravo, pode usufruir dos
prazeres do corpo e não menos que o homem virtuoso. Visto que nunca se pode
considerar um escravo partícipe da felicidade, por ele não gozar de tempo para
participar das atividades de um cidadão e também por suas atividades serem
privadas de virtude e razão.
Portanto,
as atividades do homem nobre fazem parte da natureza da felicidade, por ele
possuir uma vida prática e contemplar o saber das coisas. Suas atividades
exigem esforço e não consistem em divertimentos, pois que as atividades sérias
ao contrário das risíveis, ainda, participam mais da natureza da felicidade. A
felicidade está, assim, nas atividades virtuosas.
Karoline Santos Gomes
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