MITO DE SÍSIFO
Na mitologia grega, Sísifo (Σίσυφος)
foi fundador e rei de Éfira (nome antigo de Corinto). Era filho de Eolo
e Enarete
e marido de Mérope e foi o pai de Odiseo. Também foi o pai, do deus marinho Glauco. Dizia-se
que tinha fundado os Jogos Ístmicos
em honra a Melicertes,
cujo corpo tinha encontrado tendido na praia do Istmo de Corinto.
Foi promotor
da navegação e do comércio, mas também avaro e mentiroso. Recorreu a meios
ilícitos, entre os que se contava o assassinato de viajantes e caminhantes,
para incrementar sua riqueza. Desde os tempos de Homero, Sísifo teve fama
de ser o mais astuto dos homens. Quando Tánatos
foi a lhe procurar, Sísifo lhe pôs grilletes,
pelo que ninguém morreu até que Ares vinho, libertou Tánatos, e pôs Sísifo sob
sua custodia.
Mas Sísifo
ainda não tinha esgotado todos seus recursos: antes de morrer disse-lhe a sua
esposa que quando ele se marchasse não oferecesse o sacrifício habitual aos
mortos, de modo que no inferno se queixou de que sua esposa não estava a
cumprir com seus deveres, e convenceu a Hades
para que lhe permitisse voltar ao mundo superior e assim disuardi-la. Mas
quando esteve de novo em Corinto, recusou voltar de forma alguma ao inframundo,
até que ali foi devolvido à força por Hermes.
No inferno
Sísifo foi obrigado a empurrar uma pedra enorme acima por uma ladeira empinada,
mas antes que atingisse o cume da colina a pedra sempre rodava para abaixo, e
Sísifo tinha que começar de novo desde o princípio (Odisea,
xi. 593). O motivo deste castigo não é mencionado por Homero, e resulta escuro
(alguns sugerem que é um castigo irônico de parte de Minos:
Sísifo não queria morrer e nunca morrerá, mas terá que pagar um alto preço e
não descansará em paz até o pagar). Segundo alguns, tinha revelado os desígnios
dos deuses aos mortais. De acordo com outros, se deveu a seu hábito de atacar e
assassinar viajantes. Também se diz ainda que após velho e cego seguiria com
seu castigo. Este assunto foi um tópico freqüente dos escritores antigos, e foi
também representado pelo pintor Tiziano, entre outros.
- Tiziano ou Ticiano
(Pieve dei Cadore,
Belluno, 1477 - Veneza, 27 de agosto
de 1576),
foi um pintor italiano do Renascimento, um dos maiores expoentes da Escola veneziana.
RELAÇÃO ENTRE
SÍSIFO E A QUESTÃO DO TRABALHO PARA MARX
Na analise da pintura de Sísifo de Tiziano e também do
mito, ressaltamos o conceito de trabalho, pois que Sísifo fora obrigado a
empurrar eternamente uma pedra morro acima, mesmo sabendo que mais cedo ou mais
tarde a pedra iria novamente rolar para abaixo e que ele sem contestação
deveria descer e empurrar mais uma vez a pedra.
Sísifo desenvolve um trabalho alienante, pois que ele serve
de objeto e em conseqüência disso, acaba por se desumanizar, pois que o produto
de seu trabalho não existe. O trabalho de Sísifo, portanto, é aplicável em
todos os casos de labor infrutífero, isto quer dizer, trabalho em vão ou de
esforços baldados inúteis, sem término e sem qualquer finalidade proveitosa.
Segundo Marx, o trabalho é uma atividade pela qual o homem
transforma o mundo e a si próprio. Diferentemente dos animais que eram guiados
pelos instintos naturais, o homem domina as forças da natureza, de acordo com
sua necessidade e vontade, através do trabalho. Mas com o passar do tempo ele
verificou que o trabalho assumiu características desumanas, porque os
trabalhadores não se realizavam mais como pessoas em suas atividades profissionais.
O homem é sujeito de si mesmo e, da própria história e,
portanto, não necessita de um deus acima dele. Para Marx, o homem se fabrica a
si mesmo através de seu trabalho.
A filosofia marxista procura justamente se engajar na
prática concreta de construção do ser humano. Por isso foi chamada de
“filosofia da práxis”, que significa ação aliada à reflexão. Marx sempre se
opôs à divisão entre o trabalho intelectual e o trabalho manual: enquanto
alguns se dedicam exclusivamente aos estudos, os demais só “pegam no pesado”.
Nosso filósofo queria que todos os tipos de trabalho fossem igualmente
distribuídos entre os homens.
“Os filósofos não tem feito senão interpretar
o mundo de diferentes maneiras: o que importa é transformá-lo.” (Marx)
Referências
- ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. MARTINS, Maria
Helena Pires. Filosofando –
Introdução à Filosofia. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1992. p. 55-68
e p. 324-333.
- GADOTTI, Moacir. Marx – transformar o mundo. ed. São Paulo: Editora FTD, 1989.
p.39-73.